Bolsonaro denunciado pela PGR: entenda o que pode acontecer com o ex-presidente

19/02/2025 11h40 - Atualizado há 3 semanas
Bolsonaro denunciado pela PGR: entenda o que pode acontecer com o ex-presidente
Reprodução

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes.

Dos cinco crimes atribuídos pela PGR ao ex-presidente Jair Bolsonaro, dois foram sancionados por ele próprio enquanto estava no cargo, em setembro de 2021: abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro teve participação direta na tentativa de golpe para se manter no poder após perder as eleições de 2022.

Além dele, 39 pessoas foram indiciadas, incluindo ex-ministros como Walter Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Anderson Torres (Justiça). O procurador Paulo Gonet denunciou 33 desses nomes ao STF.

Quais os próximos passos?

Com a denúncia formalizada, Bolsonaro terá um prazo para apresentar sua defesa e tentar evitar que o STF aceite a acusação.

Nesse período, ele pode argumentar que não há provas suficientes para torná-lo réu e solicitar a suspensão da denúncia.

A decisão caberá à Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Caso a denúncia seja aceita, o processo avançará para a fase de produção de provas, incluindo depoimentos de testemunhas, perícias técnicas e interrogatórios dos acusados. Esse pode se tornar um dos maiores processos criminais da história do STF.

Possibilidade de prisão

Se condenado, Bolsonaro ainda poderá recorrer em liberdade.

No entanto, especialistas explicam que a prisão antes do trânsito em julgado só poderá ocorrer em casos específicos, como tentativa de obstrução da Justiça, coação de testemunhas ou fuga do país. O STF analisará esses fatores ao longo do processo.

Segundo juristas, o julgamento pode ocorrer ainda em 2025, dependendo do ritmo das investigações e do andamento dos trâmites processuais.

Caso seja condenado em última instância, Bolsonaro poderá cumprir pena em regime fechado.

No entanto, o ex-presidente e sua defesa argumentam que as acusações são infundadas e que ele não teve envolvimento direto em qualquer tentativa de golpe. O desfecho do caso dependerá das provas apresentadas ao longo do processo judicial.

Bolsonaro pode disputar as eleições em 2026?

Bolsonaro tem reforçado sua intenção de disputar as eleições de 2026, apresentando-se como pré-candidato à Presidência. No entanto, sua inelegibilidade, imposta pela Justiça Eleitoral, o impede de concorrer.

Ele pode pedir até pedir o registro de sua candidatura ao TSE, mas como está inelegível, é certo que a Corte deverá indeferir o registro, ao que o ex-presidente deve recorrer ao STF, que deverá ter o mesmo entendimento.

Ele foi condenado pelo TSE por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, ficando inelegível até 2030. A punição decorre de dois episódios de 2022: uma reunião com embaixadores em que atacou, sem provas, o sistema eleitoral brasileiro e o uso do 7 de Setembro para promover sua campanha.

Para tentar anular a inelegibilidade, Bolsonaro aposta em duas estratégias: a aprovação de uma anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro e a mudança na Lei da Ficha Limpa.

A anistia perdoaria envolvidos na invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, o que poderia favorecer politicamente o ex-presidente.

Já o projeto de lei complementar, apresentado pelo deputado Bibo Nunes (PL-RS), busca reduzir de oito para dois anos o prazo de inelegibilidade para condenados por abuso de poder político ou econômico, o que permitiria a candidatura de Bolsonaro já em 2026.

As tentativas, no entanto, encontram resistência. A proposta de mudança na Ficha Limpa enfrenta rejeição na opinião pública, oposição no Congresso e pode ser barrada no STF. Ministros da Corte já indicaram que consideram a alteração inconstitucional.

Mesmo diante dos obstáculos, Bolsonaro segue em articulação com parlamentares e lideranças políticas na tentativa de angariar apoio para as mudanças e manter seu nome no cenário eleitoral.


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