Agropecuária lidera as perdas financeiras por eventos climáticos na Amazônia

20/02/2025 14h29 - Atualizado há 3 semanas
Agropecuária lidera as perdas financeiras por eventos climáticos na Amazônia
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A agropecuária é o setor mais afetado financeiramente pelos eventos climáticos na Amazônia Legal, como secas e inundações. Em 33 anos (1991 a 2024), as perdas na agricultura e na pecuária somaram R$ 40,5 bilhões — sendo R$ 36,2 bilhões na agricultura e R$ 4,3 bilhões na pecuária. As informações são do site Tempo.com.

Esses prejuízos representam 80% do total de R$ 51,1 bilhões registrados na região, que também inclui perdas nos setores de comércio (R$ 1,5 bilhão), indústria (R$ 1,1 bilhão), serviços (R$ 868 milhões) e danos ao poder público municipal (R$ 6,9 bilhões). Este último envolve perdas com danos em prédios públicos, sistemas de água e esgoto, e redes de energia.

A análise foi realizada pela InfoAmazonia, com base nos dados dos municípios da Amazônia Legal, coletados pelo Sistema Integrado de Informações sobre Desastres da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O estudo abrangeu prejuízos causados por inundações, secas, erosões, incêndios, alagamentos, vendavais, ciclones, deslizamentos e granizo, entre outros eventos climáticos.

“Seja por ondas de calor, por episódios de seca ou por chuvas intensas que trazem consigo deslizamentos, vendavais e inundações de grande porte. Esse tipo de situação a gente tem acompanhado e tem sim a tendência de aumentar”, afirma.
De acordo com Rafael Luiz, tecnologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), as mudanças climáticas estão aumentando tanto os eventos de escassez quanto os de excesso, como ondas de calor, secas prolongadas e chuvas intensas que causam deslizamentos, vendavais e grandes inundações.

Entre 1991 e 2024, o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres registrou 7.548 eventos climáticos. As inundações foram os eventos mais frequentes, com 21% das ocorrências, seguidas pelos incêndios (18%) e pelas estiagens (17%). O ano de 2024, por sua vez, marcou um recorde de desastres, com 1.416 eventos — cerca de 19% de todos os incidentes registrados e 23% do prejuízo financeiro total (R$ 11,8 bilhões). A maioria dos desastres foi provocada por incêndios florestais (43%), seguidos de estiagem e seca (34%) e chuvas intensas (7%).

Agro é afetado pela seca

Entre os eventos climáticos, a seca foi a maior causadora de prejuízos para o agronegócio na Amazônia, com perdas de R$ 17,2 bilhões desde 1991, o que representa 42% do total. As chuvas intensas e inundações vêm em segundo lugar, com 38% dos prejuízos.

Os estados de Mato Grosso (MT) e Pará (PA) são os mais afetados financeiramente, considerando todos os setores. Seis dos dez municípios mais impactados estão em Mato Grosso e quatro no Pará.

Sorriso (MT), que ocupa a segunda posição no ranking, é um dos maiores centros agrícolas do país, com produção significativa de soja, algodão e milho. Em 2024, a cidade enfrentou uma grave crise hídrica que prejudicou a agricultura e a pecuária. A falta de chuva afetou o solo e a alimentação do gado, prejudicando as plantações e o pasto.

Alberto dos Santos, coordenador da Defesa Civil de Sorriso, comentou que a seca comprometeu toda a safra, levando muitos produtores a contrair dívidas, que ainda estão sendo pagas, o que impacta negativamente a economia local. “É um dinheiro que não está mais circulando na cidade”, completou.

Contribuições das emissões de gases de efeito estufa

O agronegócio brasileiro é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global e aumentam a frequência de eventos climáticos extremos. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), em 2023, indicam que a pecuária e a agricultura foram responsáveis por 73% das emissões totais do Brasil, equivalente a 1,68 bilhão de toneladas de carbono.

Impacto humano

Além dos prejuízos financeiros, os desastres climáticos na Amazônia afetaram a vida de 3,5 milhões de pessoas entre 1991 e 2024, com 9% dessas ocorrências ocorrendo apenas no ano passado (323,5 mil pessoas). Muitas dessas pessoas sofreram ferimentos, precisaram de abrigo público, tiveram suas casas destruídas ou, no pior cenário, perderam a vida.

Tiago Schnorr, coordenador-geral de Monitoramento e Alerta do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), destacou que “os municípios mais bem estruturados têm menos desastres registrados no sistema. Eles lidam com aquele desastre, absorvem o impacto e atendem sua população. Só em último caso, o município vai levantar a mão para dizer: ‘olha, eu preciso de apoio do Governo Federal para ações de assistência humanitária, para ações de reconstrução’”.


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