Operação policial deixa 64 mortos, 81 presos e apreende 93 fuzis no Rio

Principais vias de acesso da cidade foram fechadas, aulas e circulação de ônibus froam suspensas e trabalhadores voltaram a pé para casa

Pelo menos 64 pessoas foram mortas durante a megaoperação contra o Comando Vermelho deflagrada na manhã desta terça-feira (28) no Rio de Janeiro. Entre os mortos, há quatro policiais – dois civis e dois militares. Ao todo, 2,5 mil agentes de segurança saíram às ruas nos complexos do Alemão e da Penha, na zona Norte. Os criminosos contra-atacaram com barricadas, drones, bombas e tiros.

A ação, que mobilizou cerca de 2,5 mil agentes da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Ministério Público de Rio tinha como objetivo desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), principal facção do tráfico no estado. O grupo, segundo as autoridades, vinha expandindo territórios estratégicos para o escoamento de drogas e armas na capital.

Durante o confronto, criminosos ergueram barricadas, lançaram bombas com drones e abriram fogo contra as equipes. O tiroteio se estendeu por diversas áreas dos complexos e deixou moradores em pânico.

Entre os mortos estão Marcos Vinicius Cardoso Carvalho, de 51 anos, conhecido como Máskara, e Rodrigo Velloso Cabral, de 34. Ambos eram policiais civis e integravam as equipes da operação. Máskara era chefe da 53ª Delegacia de Polícia (Mesquita), enquanto Cabral atuava na 39ª DP (Pavuna).

O governador Cláudio Castro (PL) prestou condolências às famílias e classificou a ação como “a maior já realizada na história do Rio de Janeiro”. Segundo ele, o planejamento da operação buscou priorizar confrontos em áreas de mata, “longe das comunidades”, para reduzir riscos à população civil.

Em resposta à megaoperação, traficantes do CV lançaram explosivos por drones contra equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil. O confronto resultou em incêndios pontuais e bloqueios de acesso em diversas comunidades.

Moradores relataram falta de transporte, fechamento de escolas e interrupção de serviços públicos durante toda a manhã. O clima de guerra trouxe lembranças de operações anteriores que deixaram marcas profundas na cidade.

Durante entrevista coletiva, o governador Cláudio Castro (PL) afirmou que não chegou a solicitar apoio ao governo federal para essa operação, uma vez que, anteriormente, três pedidos para o uso de blindados foram negados.

“Tivemos pedidos negados três vezes. Para emprestar o blindado, tinha que ter GLO (Garantia da Lei e da Ordem), e o presidente (Lula) é contra a GLO. Cada dia é uma razão para não colaborar”, disse.

As autoridades confirmaram que, em retaliação à megaoperação, traficantes do CV lançaram bombas com drones contra policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil do RJ.

O pronunciamento ocorreu no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, onde as forças de segurança centralizam o monitoramento das ações em tempo real.

De acordo com o Ministério Público, por estar localizado próximo a vias expressas e ser ponto estratégico para o escoamento de drogas e armamentos, o complexo de favelas se tornou uma das principais bases do projeto expansionista da facção criminosa, especialmente em comunidades da região de Jacarepaguá.

Operação contenção

A ação foi deflagrada para cumprir 51 mandados de prisão contra traficantes que atuam no Complexo da Penha. A ação conta com o apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core/PCERJ) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope/PMERJ).

Ao todo, o Gaeco (MPRJ) denunciou 67 pessoas pelo crime de associação para o tráfico, e três homens também foram denunciados por tortura.